Solitário ou Solidário
Por mais que vivamos processos solitários, em algum momento de nossa história a alma pede que saiamos de nossas ilhas para vivermos a conexão. Se não a ouvirmos, nosso mundo interior se tornará como uma terra árida onde em lugar da vida é a morte que está a espreita.
As experiências realmente são pessoais e únicas, mas as aprendizagens ocorrem nos encontros, onde aprendemos sobre as conseqüências de nossas palavras, gestos e reações emocionais. Os encontros podem revelar uma sintonia fina entre as pessoas envolvidas ou jogos de perdas e danos neste mundo onde as polaridades estão presentes para que possamos encontrar o ponto de equilíbrio.
Quando nosso coração não irradia mais a força do amor incondicional, esse amor que é inquebrantável por não se apropriar do outro, por saber que cada pessoa é única e insubstituível, envelhecemos numa mente rígida, num corpo enrijecido, num coração contraído. Nossos olhos perdem brilho, nossa vida perde encanto.
Sofremos do coração e ao mesmo tempo negamos essa dor até que a doença se revela sinalizando que algo não está bem. Caso demoremos a cuidar desse “algo”, desencadeamos um momento mais doloroso ainda, uma dor profunda como se fosse o grito da alma pedindo para se libertar de todos os julgamentos e cobranças que a aprisionam proibindo o seu livre pulsar. Ao acessarmos nossa história, recuperando nossa memória e revendo os caminhos percorridos, temos a oportunidade de avaliar o quanto nossa vida correspondeu ou não ao que a alma realmente desejou. Temos a oportunidade de rever antigos e novos projetos e, a partir deste momento, conectados com a nossa verdade em vez da verdade dos outros, aprender a focar numa vida com qualidade e realização.
A partir daqui, assumimos uma nova postura consciente que neste novo propósito de vida, por pior que sejam as avarias, nada e ninguém jamais poderá tomar os nossos valores, alegria e confiança na Vida.
Podemos nos fechar em nossa dor e viver solitário, sermos desertos humanos, mas também podemos descobrir que desejamos desenvolver nossa afetividade consciente que o outro também tem suas feridas de alma e assim, no deserto que estamos possibilitarmos o crescimento e desabrochar das mais belas flores porque as sementes da solidariedade estão vivas na essência que somos. Em cada ferida psíquica, assim como há registros de dor, há força de cura, há desejo de perdão, de encontro, de reconstrução. Tudo é uma questão de escolha.
Por: Erica Brandt
Data: 30/11/2010