A passagem do individualismo para a solidariedade
Diante de distintas catástrofes ambientais muitas vezes me deparei com pessoas que expressaram nada ter a ver com o que outras estavam dramaticamente vivendo. Será que alguém ainda é capaz de dizer que nada tem a ver com a tragédia na região serrana do Rio de Janeiro?
Vivemos um momento marcante em nossa história… Até este janeiro de 2011 os políticos não se preocupavam com o planejamento e desenvolvimento do sistema de monitoramento, alerta e resposta a desastres. Várias foram as tragédias nos últimos dez anos e inesquecíveis foram os dramas vividos em Santa Catarina, Angra, Niterói, São Paulo, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e tantas outras regiões brasileiras.
Infelizmente vivemos ainda as conseqüências de uma cultura em que os interesses pessoais são mais fortes do que os voltados para a habitação, saúde, educação e segurança. Esse descuido resultou no cruel rasgar de uma ferida, a ferida do descaso revelada em todas as imagens desse drama. Diante de nossos olhos as telas do cinema se ampliaram, os cenários se tornaram reais, os atores se tornaram pessoas comuns que com sua dor estão mobilizando os telespectadores para o compromisso com o coletivo.
O esforço de voluntários, a unidade dos municípios atingidos na busca de soluções e as mensagens rapidamente transmitidas pelas redes sociais marcam uma profunda transformação da consciência individualista e competitiva, para a consciência cooperativa e solidária. Diria que essa região está mostrando para todo o Brasil que o espírito solidário é a força do pulsar da vida que possibilita a reconstrução diante do caos.
Estamos vivendo um belíssimo movimento de compromisso pelo bem comum a partir do cidadão, cada qual a sua maneira está contribuindo para amenizar a dor e as conseqüências desastrosas vividas por esses irmãos brasileiros, assim como soluções estão sendo apresentadas para diminuírem a gravidade de futuros desastres visto que o programa do governo federal será somente implementado em 2015.
Podemos neste momento também observar nossa própria realidade pessoal, familiar e social e refletir sobre como estamos lidando com questões delicadas em nossas relações; se de alguma forma estamos tratando com descaso situações que estão em risco e aguardando futuras soluções… Quem sabe seja o momento de olhar para o que não está bem e buscar as melhores alternativas para solucioná-las em vez de deixar de lado até tudo ruir e então não haver mais nada para salvar.
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